Evento de caráter científico, com foco na apresentação de uma iniciativa de ciência aberta voltado ao desenvolvimento local em Ubatuba, iniciou seus encontros no Jardim Cultural
De acordo com Felipe Fonseca, do projeto “Ciência Aberta Ubatuba”, o objetivo principal do encontro foi identificar e reunir pessoas e organizações envolvidas com produção científica em Ubatuba. “Outro ponto de relevância foi apresentar o projeto aos futuros participantes”, pontuou.
A ciência aberta baseia-se em formas de produção colaborativa em que o acesso à informação e ao conhecimento produzido estejam disponíveis a todos os interessados. Implica também no estabelecimento de relações de cooperação entre cientistas e destes com públicos não científicos. Neste projeto, as propostas de abertura e colaboração, próprias ao conhecimento científico, devem se integrar aos desafios da promoção do desenvolvimento local.
Entre os palestrantes, a professora Sarita Albagli, coordenadora do projeto Ciência Aberta Ubatuba no Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT), explicou que o projeto atua associado a uma rede internacional que promove e discute ações em favor da articulação entre conhecimento científico aberto e sociedade. “Relacionar o conhecimento científico com as demandas sociais”, informou.
Sarita apontou que Ubatuba foi escolhida como a cidade para acolher o projeto por três grandes razões. “Primeiro, é uma região de grande importância em sociobiodiversidade para o Brasil, e, até em termos mundiais. Segundo, é uma região onde a sociobiodiversidade é também ameaçada. E, por último, a cidade é local de pesquisas e há quantidades significativas de projetos executados, em execução e a serem contemplados, não só por pesquisadores da cidade e região, como também de diversos pontos do país”, afirmou.
A problemática de acordo com Sarita é que a região tem pouco ou nenhum conhecimento ou acesso a estas pesquisas, produzidas em seu próprio território. “É espantosa a quantidade e qualidade de conhecimento que se produz em Ubatuba, ao mesmo tempo que ele coexiste com o conhecimento local, como através das comunidades tradicionais, grupos e instituições que atuam na região”, analisou.
Sarita acredita que existe uma riqueza de organizações na cidade, científicas e não-científicas que produzem conhecimento. Para a professora, a circulação destes conhecimentos é pequena, alcançando pouco as demandas locais para o desenvolvimento da própria cidade. “A relação entre conhecimento científico e não-científico, em favor desta agenda de desenvolvimento local, poderia gerar resultados significativos”, opinou.
Sarita chamou atenção para outras iniciativas em favor do conhecimento aberto, como as práticas relacionadas à cultura hacker e ao ciberativismo.
“No projeto Ciência Aberta Ubatuba enxergamos um potencial efeito de demonstração para iniciativas deste tipo em outras localidades”, finalizou.
A primeira reunião para a apresentação da plataforma Ciência Aberta Ubatuba aconteceu na manhã do último dia 10 de abril, sexta-feira, no espaço “Jardim Cultural”, na região central da cidade.